quinta-feira, 30 de abril de 2020

LÍNGUA PORTUGUESA - 3ºA e B

DATA: 30/04/2020


NÃO PRECISA COPIAR O TEXTO, MAS COLOQUE O NOME DO TEXTO E SUA DESCRIÇÃO. COPIE SÓ AS ATIVIDADES

Com o auxílio das pesquisas feitas na aula anterior, procurem responder às atividades propostas.
TEXTO I
Retome o fragmento do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, passado no dia(30-03), copie e responda às atividades 01, 02  e 03.Coloque a data.

        (...)
        No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.
        E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa do que um gesto.
        Lentamente o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu.
        E foram andando à toa, devagarinho, costeando a margem da caatinga.
        (...)
        De repente, um bé!, agudo e longo, estridulou na calma.
        E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por entre a orla de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de orelha, evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sentidos, uma longínqua resposta a seu apelo.
        Chico Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos afogueados.
        O animal soltou novamente o seu clamor aflito.
        Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.
        E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a cabra entonteceu, amunhecou, e caiu em cheio por terra.
        Chico Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe desse um tostão por ela.
        Abriu no animal um corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco de tetas secas, escorridas.
        Rapidamente iniciou a esfolação. A faca afiada corria entre a carne e o couro. Na pressa, arrancava aqui pedaços de lombo, afinava ali a pele, deixando-a quase transparente. Mas Chico Bento cortava, cortava sempre, com um movimento febril de mãos, enquanto Pedro, comovido e ansioso, ia segurando o couro descarnado. Afinal, toda a pele destacada estirou-se no chão. E o vaqueiro, batendo com o cacete no cabo da faca, abriu ao meio a criação morta.
        Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
        -- Olha, pai!
        Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços em fúria, aos berros:
        -- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
        Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava explicações confusas.
        O homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
        Dentro da sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne em que seus olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já tinham sentido o calor confortante.
        E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já nem chorava...
        Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:
        -- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! já caíram com a fome! ...
        -- Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!
        A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
        Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
        E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o vaqueiro:
        -- Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até demais! ...
        A faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.
        Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.
        O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.
        Pedro, sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe.
        Chico Bento ainda esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado.
        E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida.

            O Quinze, Rachel de Queiroz. Rio de Janeiro: J. Olympio, s.d. p. 72-5.
Glossário do texto

ATIVIDADE 01
O fragmento do romance O quinze revela que a obra retrata
(A) a prosa romântica, em que a narrativa é acentuada na idealização de uma vida de uma família feliz.
(B) a prova realista naturalista realçando uma a distorção de caráter da família corrupta.
 (C) a prosa modernista, evidenciada no modernismo por narrar o regionalismo e o sofrimento da família marginalizada.
(D) a prosa realista apresenta em sua essência o realismo fantástico.
 (E) a prosa urbana que narra a problemática da família urbana em luta pela sobrevivência.

ATIVIDADE 02
Nesse fragmento, o conflito apresentado ocorre quando Chico Bento
 (A) desanima em lutar com a família.
(B) vê-se impotente diante da seca.
 (C) manta uma cabra alheia e é surpreendido.
(D) lamenta-se aos gemidos de fome do filho.
(E) quando é acusado de ladrão.

ATIVIDADE 03
No trecho “E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida”, a expressão destacada representa (A) uma metáfora da vida sofrida da família.
(B) um eufemismo da vida sofrida da família.
 (C) uma hipérbole do sofrimento humano.
(D) uma antítese do sofrimento humano.
(E) uma personificação da amarga vida humana.

TEXTO II
(Enem-Inep/2009) No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.
  CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003. Disponível em: https://tinyurl.com/GPMDPLPI187. Acesso em: 31 mar. 2020.

ATIVIDADE 04
 Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que
(A) o romance do Sul do Brasil caracteriza-se pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.
(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
 (E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.
ATIVIDADE 05
Relacione as colunas de acordo com os tipos de prosa modernista da segunda fase desse movimento literário.
 a) ( ) Prosa regionalista
 b) ( ) Prosa urbana
 c) ( ) Prosa intimista
 I. Cultivada desde o Romantismo, essa prosa focalizava o homem da cidade e seus conflitos sociais, aprofundando a relação entre ser humano e meio e ser humano e sociedade.
 II. Essa prosa é uma das inovações propostas pela Geração de 30. A influência da psicanálise de Freud despertava o desejo por temas que investigavam e sondavam o mundo interior, os motivos individuais de cada um e suas origens. III. Tendência com raízes no Romantismo e adotada por vários escritores naturalistas e pré-modernistas, renasceu com força total na segunda fase do Modernismo brasileiro, trazendo inovações tanto na temática quanto na linguagem. O ciclo nordestino é um dos principais da prosa dessa geração. São abordados inúmeros problemas, como a miséria, a seca, as relações do homem com o povo, com o poder e com o poderosos, a hostilidade etc.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

INGLES 3A -- 25/01

 DATA25/01/2021 Orientações : ·          Coloque a data e o assuto da aula de hoje em seu caderno. ·          Letra legível e de forma o...