NÃO PRECISA COPIAR O TEXTO, MAS COLOQUE O NOME DO TEXTO E SUA DESCRIÇÃO. COPIE SÓ AS ATIVIDADES
Com o auxílio das pesquisas feitas na aula anterior,
procurem responder às atividades propostas.
TEXTO I
Retome o fragmento do romance O quinze, de Rachel de Queiroz,
passado no dia(30-03), copie e responda às atividades 01, 02 e 03.Coloque a data.
(...)
No
colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido
abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.
E
com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste
que era mais uma tentativa do que um gesto.
Lentamente
o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu.
E
foram andando à toa, devagarinho, costeando a margem da caatinga.
(...)
De
repente, um bé!, agudo e longo, estridulou na calma.
E
uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por entre a
orla de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de orelha,
evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sentidos, uma longínqua
resposta a seu apelo.
Chico
Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos
afogueados.
O
animal soltou novamente o seu clamor aflito.
Cauteloso,
o vaqueiro avançou um passo.
E
de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a cabra
entonteceu, amunhecou, e caiu em cheio por terra.
Chico
Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe
desse um tostão por ela.
Abriu
no animal um corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere
branco de tetas secas, escorridas.
Rapidamente
iniciou a esfolação. A faca afiada corria entre a carne e o couro. Na pressa,
arrancava aqui pedaços de lombo, afinava ali a pele, deixando-a quase
transparente. Mas Chico Bento cortava, cortava sempre, com um movimento febril
de mãos, enquanto Pedro, comovido e ansioso, ia segurando o couro descarnado.
Afinal, toda a pele destacada estirou-se no chão. E o vaqueiro, batendo com o
cacete no cabo da faca, abriu ao meio a criação morta.
Mas
Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
--
Olha, pai!
Um
homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços em
fúria, aos berros:
--
Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
Chico
Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava
explicações confusas.
O
homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
Dentro
da sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne
em que seus olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já
tinham sentido o calor confortante.
E
lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o
Duquinha tão morto que já nem chorava...
Caindo
quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam
pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:
--
Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao
menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu
matei! já caíram com a fome! ...
--
Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!
A
energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
Antes
se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
E
o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e
atirando-as para o vaqueiro:
--
Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se
tripas é até demais! ...
A
faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.
Veio-lhe
um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido.
Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.
O
homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente
envolvido no couro e marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá além.
Pedro,
sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe.
Chico
Bento ainda esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado.
E
antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca
um gosto amargo de vida.
O
Quinze, Rachel de Queiroz. Rio de Janeiro: J. Olympio, s.d. p. 72-5.
Glossário
do texto
ATIVIDADE 01
O fragmento do romance O quinze revela que a obra
retrata
(A) a prosa romântica, em que a narrativa é acentuada na
idealização de uma vida de uma família feliz.
(B) a prova realista naturalista realçando uma a
distorção de caráter da família corrupta.
(C) a prosa
modernista, evidenciada no modernismo por narrar o regionalismo e o sofrimento
da família marginalizada.
(D) a prosa realista apresenta em sua essência o
realismo fantástico.
(E) a prosa
urbana que narra a problemática da família urbana em luta pela sobrevivência.
ATIVIDADE 02
Nesse fragmento, o conflito apresentado ocorre quando
Chico Bento
(A) desanima em
lutar com a família.
(B) vê-se impotente diante da seca.
(C) manta uma
cabra alheia e é surpreendido.
(D) lamenta-se aos gemidos de fome do filho.
(E) quando é acusado de ladrão.
ATIVIDADE 03
No trecho “E antes de se erguer, chupou os dedos sujos
de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida”, a expressão
destacada representa (A) uma metáfora da vida sofrida da família.
(B) um eufemismo da vida sofrida da família.
(C) uma hipérbole
do sofrimento humano.
(D) uma antítese do sofrimento humano.
(E) uma personificação da amarga vida humana.
TEXTO II
(Enem-Inep/2009) No decênio de 1870, Franklin Távora
defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da
mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes
por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc.
Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura
do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com
bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas,
refletindo as características locais.
CANDIDO, A. A
nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.
Disponível em: https://tinyurl.com/GPMDPLPI187. Acesso em: 31 mar. 2020.
ATIVIDADE 04
Com relação à
valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de
determinadas regiões nacionais, sabe-se que
(A) o romance do Sul do Brasil caracteriza-se pela
temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por
meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de
fora pela imigração europeia.
(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do
romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das
relações conflituosas entre as raças.
(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado
realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a vida do homem
em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos
favorecidos.
(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos
expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o
sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso
povo.
(E) Érico
Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas
das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem
urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.
ATIVIDADE 05
Relacione as colunas de acordo com os tipos de prosa
modernista da segunda fase desse movimento literário.
a) ( ) Prosa
regionalista
b) ( ) Prosa
urbana
c) ( ) Prosa
intimista
I. Cultivada
desde o Romantismo, essa prosa focalizava o homem da cidade e seus conflitos
sociais, aprofundando a relação entre ser humano e meio e ser humano e
sociedade.
II. Essa prosa é uma
das inovações propostas pela Geração de 30. A influência da psicanálise de
Freud despertava o desejo por temas que investigavam e sondavam o mundo
interior, os motivos individuais de cada um e suas origens. III. Tendência com
raízes no Romantismo e adotada por vários escritores naturalistas e
pré-modernistas, renasceu com força total na segunda fase do Modernismo
brasileiro, trazendo inovações tanto na temática quanto na linguagem. O ciclo
nordestino é um dos principais da prosa dessa geração. São abordados inúmeros
problemas, como a miséria, a seca, as relações do homem com o povo, com o poder
e com o poderosos, a hostilidade etc.
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