BELLE ÉPOQUE
A
Belle Époque foi o período histórico entre a Guerra Franco-Prussiana e a
Primeira Guerra Mundial. Ficou caracterizada pela euforia com o progresso tecno
científico ocidental.
Por Belle Époque entende-se o período da História,
sobretudo no mundo ocidental, que abrange o período de 1871, quando teve fim
a Guerra Franco-Prussiana, e junho de 1914,
quando começou a Primeira Guerra Mundial. Esse foi
um período marcado pela euforia provocada pelo progresso tecnocientífico da
segunda metade do século XIX, cujs detalhes veremos abaixo.
·
Belle
Époque como atmosfera da modernização e do progresso
No
capítulo um de seu livro sobre a Primeira Guerra Mundial, intitulado Catástrofe: a Europa vai à guerra, o
historiador Max Hastings diz que, de 1900 a 1914:
[…]
avanços tecnológicos, sociais e políticos alastravam-se pela Europa e pelos
Estados Unidos numa escala nunca vista em qualquer outro período, um piscar de
olhos da experiência humana. Einstein anunciou a sua teoria especial da
relatividade, Marie Curie isolou o rádio, e Leo Baekeland inventou a baquelita,
o primeiro polímero sintético. Telefones, gramofones, veículos motorizados,
sessões de cinema e casas com eletricidade tornaram-se lugar-comum entre
pessoas abastadas nas sociedades mais ricas. Jornais de circulação em massa
adquiriram influência social e poder político sem precedentes. [1]
Todos
esses avanços, somados a outros (como a invenção do telégrafo e do telefone,
que revolucionaram as formas de comunicação, e do automóvel, do navio e da
locomotiva a vapor, que revolucionaram os transportes), criaram um clima de
grande entusiasmo. Esse entusiasmo com o progresso refletia-se também na
própria vida cotidiana dos grandes centros urbanos – principalmente no
continente europeu, como Paris, Londres e Viena – e era visto na moda, nos cafés,
no teatro, nas praças e parques públicos, nas galerias de arte etc.
O
evento que se tornou o grande símbolo de toda essa euforia foi a Exposição Universal (Exposition Universelle, em francês), de 1900,
que ocorreu em Paris. Essa exposição, que aconteceu em vários pontos da capital
francesa, reunia a apresentação de diversas invenções tecnológicas da época,
combinadas com mostras de arte, sobretudo do estilo art nouveau, vistas em construções
arquitetônicas, pinturas e esculturas.
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O “outro lado” da Belle Époque
Entretanto,
todo o arcabouço de avanços tecnocientíficos que fez progredir amplamente a
sociedade industrial durante a Belle Époque também teve o seu
contraponto. O mesmo tipo de tecnologia desenvolvido começava a ser aplicado
ferozmente na produção de armamentos pesados jamais vistos: bombas de grande
poder de destruição, canhões, carros blindados, metralhadoras, gases tóxicos
etc. Além disso, o recém-criado avião – um dos símbolos do triunfo da Belle Époque – tornou-se uma das armas mais temidas.
As
grandes potências da época, França, Rússia, Inglaterra e Alemanha, cada vez
mais acentuavam seu nacionalismo, e isso gerava uma tensão cujas consequências
eram difíceis de se prever. Como diz Max Hastings, não é de se surpreender:
[…]
que os estadistas europeus de gola alta achassem tão difícil adaptar seus
pensamentos e condutas à nova era na qual foram atirados abruptamente, à
aceleração das comunicações que transformou as relações humanas e ao
crescimento do poder militar que poucos conseguiam entender. A diplomacia de
carruagem puxada a cavalo, assim como o exercício do governo por cabeças
coroadas escolhidas pelo acaso dos nascimentos, mostraram-se totalmente
inadequados para enfrentar as crises da era da eletricidade. Winston Churchill
escreveu em 1930: “Praticamente nada restou de material ou estabelecido que
fosse permanente ou vital, como eu, por formação, tinha sido levado a
acreditar. Tudo o que eu supunha impossível, ou aprendi a achar impossível,
aconteceu”. [2]
A
Primeira Guerra Mundial, estourada em julho de 1914, e toda a leva de
destruição que veio com ela decretaram o fim do clima eufórico da Belle Époque, colocando em questão a própria razão de ser da
civilização moderna.
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