DATA 02/12/2020
TEXTO I
Leia o fragmento do romance “Triste fim de Policarpo
Quaresma”, de Lima Barreto.
[...]
Apesar de ter enriquecido, Coleoni tinha
em grande conta o seu obscuro compadre... Europeu, de origem humilde e aldeã,
guardava no fundo de si aquele sagrado respeito dos camponeses pelos homens que
recebem a investidura do Estado; e, como, apesar dos bastos anos de Brasil,
ainda não sabia juntar o saber aos títulos, tinha em grande consideração a
erudição do compadre.
Não é, pois, de estranhar que ele visse
com mágoa o nome de Quaresma envolvido em fatos que os jornais reprovavam. Leu
de novo o requerimento, mas não entendeu o que ele queria dizer. Chamou a filha.
–
Olga!
Ele pronunciava o nome da filha quase sem sotaque;
mas, quando falava português, punha nas palavras uma rouquidão singular, e
salpicava as frases de exclamações e pequenas expressões italianas.
–
Olga, que quer dizer isto? Non capisco...
A moça sentou-se a uma cadeira próxima e leu no
jornal, o requeri- mento e os comentários.
–
Che! Então?
–
O padrinho quer substituir o português pela língua tupi, entende o senhor?
– Como?
–
Hoje, nós não falamos português? Pois
bem: ele quer que daqui em diante falemos tupi.
–
Tutti? –Todos os brasileiros, todos.
–
Ma che coisa! Não é possível?
–
Pode ser. Os tcheques têm uma língua
própria, e foram obrigados a falar alemão, depois de conquistados pelos austríacos;
os lorenos, franceses...
–
Per la madonna! Alemão é língua, agora esse acujelê, ecco!
–
Acujelê é da África, papai; tupi é
daqui.
–
Per Bacco! É o mesmo.... Está doido!
Disponível em: https://tinyurl.com/GPMPEMLPI310. Acesso em: 26 out. 2020.
ATIVIDADE 01
O trecho da obra apresenta um diálogo de Coleoni e sua
filha. O assunto abordado por eles foi sobre
(A)
a
riqueza de Coleoni.
(B)
a
origem europeia de Coleoni.
(C)
a
leitura de um requerimento.
(D)
a
ideia de implantar o Tupi como idioma oficial.
(E)
a
dificuldade do uso da língua portuguesa.
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