terça-feira, 1 de dezembro de 2020

LÍNGUA PORTUGUESA 7A e B 02/12

 DATA 02/12/2020

Leia os textos abaixo e anote no caderno os temas: 

 

NOVELA

É um gênero literário como conto, romance, crônica. De acordo com Massaud Moisés (2006), este gênero está entre o conto e o romance. A novela é menor que o romance porque possui um só núcleo narrativo, ou seja, todos os eventos ocorrem com base nessa história principal, enquanto que no romance, diversas narrativas podem ocorrer ao mesmo tempo de forma independente. Na novela, ao final da narrativa, todas as histórias ou situações vivenciadas pelas personagens colaboram para o desfecho desta história. Tudo acontece ao redor de um núcleo narrativa. Na novela a preocupação é com a trama, pouco com o aprofundamento dos personagens.

Moisés, Massaud. A criação literária: prosa 1. 20. ed. -- São Paulo. Cultrix, 2006.

Embora esta origem seja apenas uma suposição histórica, é fato que as primeiras obras do gênero tratavam exclusivamente de histórias de cavalaria, como A Demanda do Santo Graal de autor desconhecido e compostas de vários livros, uma novela de cavalaria cristianizada, escrita originalmente em francês e traduzida para o português em meados do século XIII. No texto o mais importante é a busca dos cavaleiros pelo Santo Vaso, o Graal, o cálice bebido por Cristo na Última Ceia, cujo sangue foi recolhido por José de Arimatéia, após a crucificação e levado para a Inglaterra. Este objeto possuía características curativas e garantia prosperidade a Camelot, o reino de Artur. Os personagens são facilmente identificados por arquétipos com papeis fáceis de rotular (o herói, o mentor, o vilão, o parceiro, a donzela em perigo, etc.).

O Brasil não tem uma produção muito expressiva do gênero novela, mas possui vasta produção em poema, crônica, conto e romance. Algumas das novelas brasileiras mais conhecidas são: Vidas Secas, de Graciliano Ramos; Menino de Engenho, de José Lins do Rego; Gabriela cravo e canela, de Jorge Amado; Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo; A hora da estrela, de Clarice Lispector.

Muitas obras renomadas da literatura têm seus textos adaptados para serem exibidos na TV e também recebem o nome de novela. 

Disponível em: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2014/10/10/generos-literarios-novela Acesso em 19 de maio de 2020.

 

Para saber mais, se possível, veja o vídeo em: https://www.youtube.com/watch?ATIVIDADES

Você já ouviu falar sobre a história do Rei Artur? Você lerá dois trechos de O rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.  Após, responda as atividades no seu caderno:

CAPÍTULO 1

O MAGO MERLIN

Num tempo distante viveu um poderoso rei que dominava toda a Grã-Bretanha, onde hoje é a Inglaterra. Seu nome era Uther Pendragon. Ele conquistou muitas terras, sempre contando com a ajuda dos cavaleiros e do mago Merlin. Nessa época, o país estava dividido em muitos feudos e os senhores travavam guerras entre si, pela posse da terra e, também, pelo amor de uma bela dama. Durante as negociações de paz com o duque de Tintagil da Cornualha, o rei Uther Pendragon apaixonou-se pela mulher dele, Igraine. A impossibilidade de viver o amor levou-o a travar uma batalha feroz em que muitos morreram de ambos os lados. A ira pela resistência do duque e a paixão ardente levou Uther Pendragon a adoecer de raiva e de amor.

[..] Então, um de seus soldados partiu em busca de Merlin, o único homem que poderia acabar com a dor que afligia o coração do rei.

O mago Merlin conhecia mistérios do céu e da terra, da vida e da morte, dos homens e dos deuses. Alguns o chamavam de feiticeiro; outros achavam que ele era um santo. Todos, porém, o reconheciam como um dos homens mais sábios desde tempos imemoriais. Por isso o soberano mandou procurá-lo. Merlin não tinha endereço certo. Dizia-se que vivia no meio das neblinas de Avalon, uma ilha no meio de um lago, que abrigava um reino misterioso. Era o antigo País das Fadas, uma região tão indefinida que suas fronteiras apareciam e desapareciam, recuando para mais longe à medida que a Inglaterra ia consolidando seu reino.

Mas não era preciso ir até Avalon para achar Merlin: ele costumava aparecer nos lugares mais inesperados e, muitas vezes, disfarçado. Dessa vez o cavaleiro encarregado de encontrá-lo deparou com um velho mendigo, que lhe perguntou:

– Quem procurais?

– Não é da tua conta – respondeu o cavaleiro.

– É, sim – disse o velho. – Vós procurais Merlin, que sou eu. E, se o rei jurar que me dará a recompensa que eu pedir, vou fazer o que Vossa Majestade deseja. Voltai para dizer isso a ele e avisai que não demoro.

Assim foi feito. O cavaleiro levou a mensagem a Uther Pendragon e, pouco depois, Merlin chegou ao palácio.

– Meu senhor, sei o que se passa em vosso coração e posso prever o que vai acontecer. Ajudarei Vossa Majestade a ter Igraine, se prometerdes cumprir meu desejo: na noite em que deitardes com a duquesa, ela conceberá um filho que deverá ser-me entregue assim que nascer para que eu o crie e eduque.

Não foi difícil ao rei jurar a Merlin que assim seria feito, pois seu amor por Igraine era imenso.

– Pois então preparai-vos – prosseguiu Merlin. – Porque esta noite o duque da Cornualha tombará numa batalha e, antes que a notícia se espalhe, iremos ao castelo onde está a duquesa; por artes de encantamento tereis o aspecto e as feições do duque e eu, as feições de seu mais fiel cavaleiro. Ninguém nos reconhecerá, nem mesmo Igraine, que se deitará com Vossa Majestade sem resistir.

Tudo aconteceu exatamente como ele dissera. E assim que Pendragon e Merlin, disfarçados e irreconhecíveis, saíram do castelo de Tintagil em plena madrugada, chegaram os mensageiros com a informação de que o duque havia falecido muitas horas antes. Naturalmente, a duquesa ficou espantadíssima por ter passado a noite com seu marido quando ele já estava morto. Mas não disse nada a ninguém e cobriu-se de luto como convinha a uma viúva.

Após algumas semanas, Igraine descobriu que estava grávida. Por isso, logo em seguida, quando recebeu uma proposta de casamento do rei da Inglaterra, concordou muito satisfeita: seria rainha e teria um pai para seu filho.

No dia de seu casamento com o rei foram celebradas também as núpcias de suas duas filhas: Margawse, com o rei Lot, e Morgana, poderosa fada, com o rei Uriens de Gore.

Como não queria esconder nada de Uther, a rainha sentiu-se obrigada a contar-lhe sobre o cavaleiro misterioso que a visitara na noite em que o duque morrera. Satisfeito com a sinceridade dela, o rei confessou que fora ele o estranho visitante.

Igraine ficou aliviada e feliz ao saber que o pai do filho que esperava era o próprio rei. Ele então mencionou a promessa feita a Merlin, mas ela não deu maior importância a isso. Porém, pouco depois, o velho mago veio ao castelo de Pendragon explicar os seus planos.

– Senhor – disse ele –, a criança que a rainha espera será um menino e um grande rei. Será necessário educá-lo para ser o maior soberano de nossa história.

Uther Pendragon também se preocupava com isso e temia pelo destino da criança. Sabia que, se ele morresse, o filho correria um grande perigo, pois todos os seus inimigos tentariam eliminar o herdeiro do trono.

– Merlin, faze como achares melhor. Seguirei todos os teus conselhos. Quero que meu filho seja bem educado para suas funções, mas antes de tudo quero que sua vida seja protegida – respondeu o rei.

O sábio já tinha planejado tudo:

– Quando a criança nascer, virei buscá-la. Ninguém saberá onde o menino está, para a própria segurança dele. Apenas vós e eu. Um dos nobres desta terra, sir Ector, é um homem bondoso, valente e justo, merecedor de toda confiança. A mulher dele vai ter um bebê na mesma época que a rainha e poderá amamentar o herdeiro do trono. Eu o levarei para sir Ector, que tem propriedades na Inglaterra e em Gales. Nós o batizaremos com o nome de Artur. E o criaremos com carinho, em segurança, para que ele possa ser, um dia, um grande rei, digno de continuar vosso reinado.

Tudo foi feito de acordo com o combinado. O rei e a rainha ficaram tristes por se separar do filho, mas sabiam que era pelo bem de todos. Enquanto mãe, a bela Igraine sentiu uma grande dor, mas, como ela mesma era descendente das fadas e da gente de Avalon, sabia, mais do que ninguém, que seu filho jamais poderia ter um mestre melhor do que Merlin, sábio entre os sábios.

Assim, o pequenino Artur foi levado do castelo, enrolado num pano tecido com fios de ouro e entregue a um mendigo que esperava junto à porta dos fundos – o próprio Merlin. E nas terras de sir Ector ele cresceu, desconhecendo sua origem e o destino que estava à sua espera.”


CAPÍTULO 2

ARTUR RETIRA A ESPADA DA PEDRA

“Dois anos depois do nascimento de Artur, o rei Uther Pendragon adoeceu gravemente e teve de ficar acamado por muito tempo. Os inimigos aproveitaram a ocasião para invadir suas terras, matando muitos de seus homens e causando grandes tumultos.

– Senhor – aconselhou Merlin –, sem o vosso comando, nossos exércitos não serão vitoriosos. Mesmo que seja numa liteira levada por cavalos, Vossa Majestade deve ir ao campo de batalha.

O conselho foi seguido e o rei foi transportado à frente de suas tropas. Sua simples presença deu novo ânimo aos soldados, que lutaram com muito mais disposição, vencendo os inimigos que ameaçavam o norte do país.

Uther voltou a Londres; a cidade rejubilava-se com a vitória obtida. Mas o esforço tinha sido grande demais para quem estava tão doente; durante três dias e três noites ele não conseguiu nem mesmo falar.

Preocupados, os nobres se reuniram e consultaram Merlin.

– Não há nada a fazer, a não ser deixar que se cumpra a vontade de Deus – disse o sábio. – Mas já que estamos todos reunidos, podemos perguntar ao nosso soberano sobre o futuro do reino.

E, na presença de todos os nobres, Uther Pendragon declarou bem alto, para que todos ouvissem:

– Que Deus abençoe meu filho Artur como eu o abençoo, para que ele possa rezar por minha alma e herdar minha coroa. Dele será o trono da Inglaterra, e quando for chegada a hora vós sabereis reconhecer o verdadeiro descendente de Uther Pendragon, único herdeiro de toda a Inglaterra.

Depois de dizer isso, entregou sua alma a Deus.

Durante muitos anos, após a morte de Uther, o caos dominou o país. Os senhores disputavam o poder e mediam suas forças em sucessivos combates, nos quais milhares de homens perdiam a vida. Até que um dia Merlin procurou o arcebispo de Canterbury aconselhando-o a convocar todos os nobres do reino para virem a Londres por ocasião do Natal, pois Jesus, que nascera naquela noite, iria fazer um milagre e mostrar quem devia ser o novo rei.

Vieram todos. E estavam ainda reunidos na maior igreja da cidade, quando, depois de feitas as primeiras orações e celebrada a primeira missa, viram diante da entrada do templo uma grande pedra quadrada, como um bloco de mármore.

No meio dela havia uma espécie de bigorna de aço onde estava cravada uma belíssima espada nua. Ao seu redor podiam ser lidas as seguintes palavras, gravadas em letras de ouro: ‘Aquele que conseguir tirar esta espada desta pedra e da bigorna é o legítimo rei da Inglaterra’.

Merlin, sabendo que finalmente chegara o momento, trouxera de Avalon a espada mágica, que só poderia ser desencravada da pedra pelo cavaleiro invencível, capaz de unificar todos os reinos da Inglaterra e liderar com justiça.

[...]

Muitos nobres se habilitaram a arrancar a espada porque ambicionavam o trono. Nenhum deles, porém, conseguiu movê-la um milímetro.

– Ainda não está aqui o homem que vai conseguir a espada – disse o arcebispo. – Mas, sem dúvida, Deus vai fazê-lo chegar. Vamos escolher dez grandes cavaleiros para montar guarda à espada.

Assim foi feito. Proclamou-se, então, por todo o reino, que haveria um grande torneio no dia de Ano-Novo, quando muitos cavaleiros se enfrentariam na justa – uma luta em que os combatentes, montados em cavalos e vestindo elmo e armadura, procuram derrubar um ao outro através de golpes de lança. Os campeões desse torneio é que obteriam o direito de tentar arrancar a espada da bigorna de aço.

Sir Ector, que tinha terras perto de Londres, para lá se dirigiu, acompanhado de seu filho, sir Kay, e do jovem Artur. Este seria o primeiro torneio de sir Kay. Porém, no caminho, constatando que havia esquecido a espada em casa, pediu ao irmão, que lhe servia de escudeiro, que fosse buscá-la. Quando Artur lá voltou, verificou que todos tinham ido à festa, portanto não havia ninguém que pudesse lhe dizer onde estava guardada a espada.

– Meu irmão não pode ficar sem espada num dia como este! – disse ele. – Vou pegar aquela que está cravada na pedra em frente à igreja...

Ao chegar diante do templo, Artur apeou do cavalo e, notando que os guardas não estavam ali porque tinham ido às justas, dirigiu-se para a pedra com a bigorna. Puxou a espada, que saiu com facilidade. Montando novamente foi ao encontro de sir Kay, a quem entregou a arma.

Tão logo sir Kay viu a espada, percebeu, surpreso, que era a mesma da pedra.

Dirigiu-se a sir Ector, muito pálido:

– Pai, aqui está a espada da pedra! Quer dizer que eu devo ser o rei desta terra!

Reconhecendo a espada, o nobre tomou-a e rumou, nervoso, para a igreja, seguido pelos jovens. Lá, os três se ajoelharam e o pai exigiu que sir Kay contasse, sob juramento, como tinha conseguido a espada.

– Foi Artur quem me deu.

– E como é que ela foi parar nas tuas mãos, Artur? – perguntou sir Ector ao seu filho adotivo.

O rapaz contou como tudo acontecera.

– Então tu deves ser o rei desta terra – concluiu sir Ector. – É essa a vontade de Deus.

– Mas por quê? – Artur não compreendia o que estava acontecendo.

O cavaleiro, porém, explicou que apenas o legítimo rei poderia tirar a espada da pedra. Voltaram ao adro da igreja e cravaram novamente a arma na bigorna. Sir Ector tentou puxá-la, sem nada conseguir. Em seguida, foi a vez do seu filho, que empregou muita força, mas foi igualmente malsucedido.

– Agora tenta, Artur – ordenou sir Ector.

Com a maior facilidade, a espada deslizou de dentro da bigorna para as mãos de Artur. Imediatamente, os dois se ajoelharam diante dele.

– Não façais isso! – exclamou o rapaz. – Meu pai e meu irmão de joelhos diante de mim! Por quê?

Sir Ector revelou-lhe então que não eram do mesmo sangue; Merlin o trouxera havia muitos anos. Ele e sua mulher tinham-no criado como se fosse seu próprio filho, ignorando sua ascendência, mas agora constatava que Artur era de origem muito mais nobre do que supunha, e devia ser rei.

O jovem Artur, mesmo decepcionado por saber que não era filho de sir Ector, a quem tanto amava, disse:

– Senhor, a ninguém devo tanto no mundo como a vós e à vossa esposa. Que Deus os abençoe para sempre. E se a vontade de Deus é mesmo que eu seja rei, como dizeis, podeis me pedir o que quiserdes; eu vos atenderei.” [...]

(Trechos extraído de MALORY, Thomas. O rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. Tradução e adaptação de Ana Maria Machado. São Paulo: Scipione, 2013, capítulo 1, pp. 10 a 12)

Disponível em: https://pt.slideshare.net/mara_virginia/os-cavaleiros-da-tavola-redonda-thomas-malory Acesso em19 de maio de 2020.


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