DATA 02/12/2020
Leia os textos abaixo e anote no caderno os temas:
NOVELA
É um
gênero literário como conto, romance, crônica. De acordo com Massaud Moisés
(2006), este gênero está entre o conto e o romance. A novela é menor que o
romance porque possui um só núcleo narrativo, ou seja, todos os eventos ocorrem
com base nessa história principal, enquanto que no romance, diversas narrativas
podem ocorrer ao mesmo tempo de forma independente. Na novela, ao final da
narrativa, todas as histórias ou situações vivenciadas pelas personagens colaboram
para o desfecho desta história. Tudo acontece ao redor de um núcleo narrativa.
Na novela a preocupação é com a trama, pouco com o aprofundamento dos
personagens.
Moisés, Massaud.
A criação literária: prosa 1. 20. ed. -- São Paulo. Cultrix, 2006.
Embora esta origem seja apenas uma suposição histórica, é
fato que as primeiras obras do gênero tratavam exclusivamente de histórias de
cavalaria, como A Demanda do Santo Graal de autor desconhecido e compostas de
vários livros, uma novela de cavalaria cristianizada, escrita originalmente em
francês e traduzida para o português em meados do século XIII. No texto o mais
importante é a busca dos cavaleiros pelo Santo Vaso, o Graal, o cálice bebido
por Cristo na Última Ceia, cujo sangue foi recolhido por José de Arimatéia,
após a crucificação e levado para a Inglaterra. Este objeto possuía
características curativas e garantia prosperidade a Camelot, o reino de Artur.
Os personagens são facilmente identificados por arquétipos com papeis fáceis de
rotular (o herói, o mentor, o vilão, o parceiro, a donzela em perigo, etc.).
O Brasil não tem uma produção muito
expressiva do gênero novela, mas possui vasta produção em poema, crônica, conto
e romance. Algumas das novelas brasileiras mais conhecidas são: Vidas Secas, de
Graciliano Ramos; Menino de Engenho, de José Lins do Rego; Gabriela cravo e
canela, de Jorge Amado; Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo; A hora da
estrela, de Clarice Lispector.
Muitas obras renomadas da
literatura têm seus textos adaptados para serem exibidos na TV e também recebem
o nome de novela.
Disponível em: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2014/10/10/generos-literarios-novela Acesso em 19 de maio de 2020.
Para saber mais, se possível, veja o vídeo em: https://www.youtube.com/watch?ATIVIDADES
Você já ouviu falar sobre a história do Rei Artur? Você
lerá dois trechos de O rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.
Após, responda as atividades no seu caderno:
CAPÍTULO 1
O MAGO MERLIN
Num tempo
distante viveu um poderoso rei que dominava toda a Grã-Bretanha, onde hoje é a
Inglaterra. Seu nome era Uther Pendragon. Ele conquistou muitas terras, sempre
contando com a ajuda dos cavaleiros e do mago Merlin. Nessa época, o país
estava dividido em muitos feudos e os senhores travavam guerras entre si, pela
posse da terra e, também, pelo amor de uma bela dama. Durante as negociações de
paz com o duque de Tintagil da Cornualha, o rei Uther Pendragon apaixonou-se
pela mulher dele, Igraine. A impossibilidade de viver o amor levou-o a travar
uma batalha feroz em que muitos morreram de ambos os lados. A ira pela
resistência do duque e a paixão ardente levou Uther Pendragon a adoecer de
raiva e de amor.
[..] Então, um
de seus soldados partiu em busca de Merlin, o único homem que poderia acabar
com a dor que afligia o coração do rei.
O mago Merlin
conhecia mistérios do céu e da terra, da vida e da morte, dos homens e dos
deuses. Alguns o chamavam de feiticeiro; outros achavam que ele era um santo.
Todos, porém, o reconheciam como um dos homens mais sábios desde tempos
imemoriais. Por isso o soberano mandou procurá-lo. Merlin não tinha endereço
certo. Dizia-se que vivia no meio das neblinas de Avalon, uma ilha no meio de
um lago, que abrigava um reino misterioso. Era o antigo País das Fadas, uma
região tão indefinida que suas fronteiras apareciam e desapareciam, recuando
para mais longe à medida que a Inglaterra ia consolidando seu reino.
Mas não era
preciso ir até Avalon para achar Merlin: ele costumava aparecer nos lugares
mais inesperados e, muitas vezes, disfarçado. Dessa vez o cavaleiro encarregado
de encontrá-lo deparou com um velho mendigo, que lhe perguntou:
– Quem
procurais?
– Não é da tua
conta – respondeu o cavaleiro.
– É, sim –
disse o velho. – Vós procurais Merlin, que sou eu. E, se o rei jurar que me
dará a recompensa que eu pedir, vou fazer o que Vossa Majestade deseja. Voltai
para dizer isso a ele e avisai que não demoro.
Assim foi
feito. O cavaleiro levou a mensagem a Uther Pendragon e, pouco depois, Merlin
chegou ao palácio.
– Meu senhor,
sei o que se passa em vosso coração e posso prever o que vai acontecer.
Ajudarei Vossa Majestade a ter Igraine, se prometerdes cumprir meu desejo: na
noite em que deitardes com a duquesa, ela conceberá um filho que deverá ser-me
entregue assim que nascer para que eu o crie e eduque.
Não foi
difícil ao rei jurar a Merlin que assim seria feito, pois seu amor por Igraine
era imenso.
– Pois então
preparai-vos – prosseguiu Merlin. – Porque esta noite o duque da Cornualha
tombará numa batalha e, antes que a notícia se espalhe, iremos ao castelo onde
está a duquesa; por artes de encantamento tereis o aspecto e as feições do
duque e eu, as feições de seu mais fiel cavaleiro. Ninguém nos reconhecerá, nem
mesmo Igraine, que se deitará com Vossa Majestade sem resistir.
Tudo aconteceu
exatamente como ele dissera. E assim que Pendragon e Merlin, disfarçados e
irreconhecíveis, saíram do castelo de Tintagil em plena madrugada, chegaram os
mensageiros com a informação de que o duque havia falecido muitas horas antes.
Naturalmente, a duquesa ficou espantadíssima por ter passado a noite com seu
marido quando ele já estava morto. Mas não disse nada a ninguém e cobriu-se de
luto como convinha a uma viúva.
Após algumas
semanas, Igraine descobriu que estava grávida. Por isso, logo em seguida,
quando recebeu uma proposta de casamento do rei da Inglaterra, concordou muito
satisfeita: seria rainha e teria um pai para seu filho.
No dia de seu
casamento com o rei foram celebradas também as núpcias de suas duas filhas:
Margawse, com o rei Lot, e Morgana, poderosa fada, com o rei Uriens de Gore.
Como não
queria esconder nada de Uther, a rainha sentiu-se obrigada a contar-lhe sobre o
cavaleiro misterioso que a visitara na noite em que o duque morrera. Satisfeito
com a sinceridade dela, o rei confessou que fora ele o estranho visitante.
Igraine ficou
aliviada e feliz ao saber que o pai do filho que esperava era o próprio rei.
Ele então mencionou a promessa feita a Merlin, mas ela não deu maior
importância a isso. Porém, pouco depois, o velho mago veio ao castelo de
Pendragon explicar os seus planos.
– Senhor –
disse ele –, a criança que a rainha espera será um menino e um grande rei. Será
necessário educá-lo para ser o maior soberano de nossa história.
Uther
Pendragon também se preocupava com isso e temia pelo destino da criança. Sabia
que, se ele morresse, o filho correria um grande perigo, pois todos os seus
inimigos tentariam eliminar o herdeiro do trono.
– Merlin, faze
como achares melhor. Seguirei todos os teus conselhos. Quero que meu filho seja
bem educado para suas funções, mas antes de tudo quero que sua vida seja
protegida – respondeu o rei.
O sábio já
tinha planejado tudo:
– Quando a
criança nascer, virei buscá-la. Ninguém saberá onde o menino está, para a
própria segurança dele. Apenas vós e eu. Um dos nobres desta terra, sir Ector,
é um homem bondoso, valente e justo, merecedor de toda confiança. A mulher dele
vai ter um bebê na mesma época que a rainha e poderá amamentar o herdeiro do
trono. Eu o levarei para sir Ector, que tem propriedades na Inglaterra e em
Gales. Nós o batizaremos com o nome de Artur. E o criaremos com carinho, em
segurança, para que ele possa ser, um dia, um grande rei, digno de continuar
vosso reinado.
Tudo foi feito
de acordo com o combinado. O rei e a rainha ficaram tristes por se separar do
filho, mas sabiam que era pelo bem de todos. Enquanto mãe, a bela Igraine
sentiu uma grande dor, mas, como ela mesma era descendente das fadas e da gente
de Avalon, sabia, mais do que ninguém, que seu filho jamais poderia ter um
mestre melhor do que Merlin, sábio entre os sábios.
Assim, o
pequenino Artur foi levado do castelo, enrolado num pano tecido com fios de
ouro e entregue a um mendigo que esperava junto à porta dos fundos – o próprio
Merlin. E nas terras de sir Ector ele cresceu, desconhecendo sua origem e o
destino que estava à sua espera.”
CAPÍTULO 2
ARTUR
RETIRA A ESPADA DA PEDRA
“Dois anos
depois do nascimento de Artur, o rei Uther Pendragon adoeceu gravemente e teve
de ficar acamado por muito tempo. Os inimigos aproveitaram a ocasião para
invadir suas terras, matando muitos de seus homens e causando grandes tumultos.
– Senhor –
aconselhou Merlin –, sem o vosso comando, nossos exércitos não serão
vitoriosos. Mesmo que seja numa liteira levada por cavalos, Vossa Majestade
deve ir ao campo de batalha.
O conselho foi
seguido e o rei foi transportado à frente de suas tropas. Sua simples presença
deu novo ânimo aos soldados, que lutaram com muito mais disposição, vencendo os
inimigos que ameaçavam o norte do país.
Uther voltou a
Londres; a cidade rejubilava-se com a vitória obtida. Mas o esforço tinha sido
grande demais para quem estava tão doente; durante três dias e três noites ele
não conseguiu nem mesmo falar.
Preocupados,
os nobres se reuniram e consultaram Merlin.
– Não há nada
a fazer, a não ser deixar que se cumpra a vontade de Deus – disse o sábio. –
Mas já que estamos todos reunidos, podemos perguntar ao nosso soberano sobre o
futuro do reino.
E, na presença
de todos os nobres, Uther Pendragon declarou bem alto, para que todos ouvissem:
– Que Deus
abençoe meu filho Artur como eu o abençoo, para que ele possa rezar por minha
alma e herdar minha coroa. Dele será o trono da Inglaterra, e quando for
chegada a hora vós sabereis reconhecer o verdadeiro descendente de Uther
Pendragon, único herdeiro de toda a Inglaterra.
Depois de
dizer isso, entregou sua alma a Deus.
Durante muitos
anos, após a morte de Uther, o caos dominou o país. Os senhores disputavam o
poder e mediam suas forças em sucessivos combates, nos quais milhares de homens
perdiam a vida. Até que um dia Merlin procurou o arcebispo de Canterbury
aconselhando-o a convocar todos os nobres do reino para virem a Londres por
ocasião do Natal, pois Jesus, que nascera naquela noite, iria fazer um milagre
e mostrar quem devia ser o novo rei.
Vieram todos.
E estavam ainda reunidos na maior igreja da cidade, quando, depois de feitas as
primeiras orações e celebrada a primeira missa, viram diante da entrada do
templo uma grande pedra quadrada, como um bloco de mármore.
No meio dela
havia uma espécie de bigorna de aço onde estava cravada uma belíssima espada
nua. Ao seu redor podiam ser lidas as seguintes palavras, gravadas em letras de
ouro: ‘Aquele que conseguir tirar esta espada desta pedra e da bigorna é o
legítimo rei da Inglaterra’.
Merlin,
sabendo que finalmente chegara o momento, trouxera de Avalon a espada mágica,
que só poderia ser desencravada da pedra pelo cavaleiro invencível, capaz de
unificar todos os reinos da Inglaterra e liderar com justiça.
[...]
Muitos nobres
se habilitaram a arrancar a espada porque ambicionavam o trono. Nenhum deles,
porém, conseguiu movê-la um milímetro.
– Ainda não
está aqui o homem que vai conseguir a espada – disse o arcebispo. – Mas, sem
dúvida, Deus vai fazê-lo chegar. Vamos escolher dez grandes cavaleiros para
montar guarda à espada.
Assim foi
feito. Proclamou-se, então, por todo o reino, que haveria um grande torneio no
dia de Ano-Novo, quando muitos cavaleiros se enfrentariam na justa – uma luta
em que os combatentes, montados em cavalos e vestindo elmo e armadura, procuram
derrubar um ao outro através de golpes de lança. Os campeões desse torneio é
que obteriam o direito de tentar arrancar a espada da bigorna de aço.
Sir Ector, que
tinha terras perto de Londres, para lá se dirigiu, acompanhado de seu filho,
sir Kay, e do jovem Artur. Este seria o primeiro torneio de sir Kay. Porém, no
caminho, constatando que havia esquecido a espada em casa, pediu ao irmão, que
lhe servia de escudeiro, que fosse buscá-la. Quando Artur lá voltou, verificou
que todos tinham ido à festa, portanto não havia ninguém que pudesse lhe dizer
onde estava guardada a espada.
– Meu irmão
não pode ficar sem espada num dia como este! – disse ele. – Vou pegar aquela
que está cravada na pedra em frente à igreja...
Ao chegar
diante do templo, Artur apeou do cavalo e, notando que os guardas não estavam
ali porque tinham ido às justas, dirigiu-se para a pedra com a bigorna. Puxou a
espada, que saiu com facilidade. Montando novamente foi ao encontro de sir Kay,
a quem entregou a arma.
Tão logo sir
Kay viu a espada, percebeu, surpreso, que era a mesma da pedra.
Dirigiu-se a
sir Ector, muito pálido:
– Pai, aqui
está a espada da pedra! Quer dizer que eu devo ser o rei desta terra!
Reconhecendo a
espada, o nobre tomou-a e rumou, nervoso, para a igreja, seguido pelos jovens.
Lá, os três se ajoelharam e o pai exigiu que sir Kay contasse, sob juramento,
como tinha conseguido a espada.
– Foi Artur
quem me deu.
– E como é que
ela foi parar nas tuas mãos, Artur? – perguntou sir Ector ao seu filho adotivo.
O rapaz contou
como tudo acontecera.
– Então tu
deves ser o rei desta terra – concluiu sir Ector. – É essa a vontade de Deus.
– Mas por quê?
– Artur não compreendia o que estava acontecendo.
O cavaleiro,
porém, explicou que apenas o legítimo rei poderia tirar a espada da pedra.
Voltaram ao adro da igreja e cravaram novamente a arma na bigorna. Sir Ector
tentou puxá-la, sem nada conseguir. Em seguida, foi a vez do seu filho, que
empregou muita força, mas foi igualmente malsucedido.
– Agora tenta,
Artur – ordenou sir Ector.
Com a maior
facilidade, a espada deslizou de dentro da bigorna para as mãos de Artur.
Imediatamente, os dois se ajoelharam diante dele.
– Não façais
isso! – exclamou o rapaz. – Meu pai e meu irmão de joelhos diante de mim! Por
quê?
Sir Ector
revelou-lhe então que não eram do mesmo sangue; Merlin o trouxera havia muitos
anos. Ele e sua mulher tinham-no criado como se fosse seu próprio filho,
ignorando sua ascendência, mas agora constatava que Artur era de origem muito
mais nobre do que supunha, e devia ser rei.
O jovem Artur,
mesmo decepcionado por saber que não era filho de sir Ector, a quem tanto
amava, disse:
– Senhor, a
ninguém devo tanto no mundo como a vós e à vossa esposa. Que Deus os abençoe
para sempre. E se a vontade de Deus é mesmo que eu seja rei, como dizeis, podeis
me pedir o que quiserdes; eu vos atenderei.” [...]
(Trechos
extraído de MALORY, Thomas. O rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.
Tradução e adaptação de Ana Maria Machado. São Paulo: Scipione, 2013, capítulo
1, pp. 10 a 12)
Disponível
em: https://pt.slideshare.net/mara_virginia/os-cavaleiros-da-tavola-redonda-thomas-malory
Acesso em19 de maio de
2020.
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