DATA 28/09/2020
ATIVIDADE: DIA 28/09 – LER O TEXTO E FORMULAR 05 QUESTÕES
REGISTRAR NO CADERNO AS QUESTÕES E AS RESPOSTAS.
Você se
considera ocidental? Para grande parte do mundo, o Brasil não faz parte do
Ocidente
Para os brasileiros, esta não é uma questão: nos consideramos ocidentais. Na escola, na mídia, no dia a dia, falamos do Ocidente como o lugar a que pertencemos: "aqui no Ocidente, a Ioga ainda é vista como hobby", dizia artigo em um jornal. Mas, se tiver algum amigo europeu ou norte-americano, faço o teste. Pergunte se o Brasil é um país ocidental. A resposta revelará que a definição não é tão consensual. O Ocidente não somos nós - ao menos para grande parte do mundo.
Isso porque falar uma língua de origem
latina e estar a oeste do meridiano de Greenwich não é suficiente para estar no
Ocidente. Enquanto Estados Unidos e Portugal são indiscutivelmente
“ocidentais”, a classificação de países como o Brasil e a Argentina não é
unânime. Mas, afinal, o que faz um país ocidental? Abaixo, a divisão geográfica
do planeta em dois hemisférios:
A dicotomia (divisão) Ocidente-Oriente remonta à época do império Romano e, desde os primórdios, já guardava aspectos tanto geográficos quanto culturais.
No período de queda do império,
a divisão tomou caráter oficial com a instituição do Império Romano do
Ocidente, com capital em Roma, e o Império Romano do Oriente, com sede em
Constantinopla (atual Istambul):
Enquanto a parte ocidental se
desintegrou já no século 5, o império a Oriente se manteve unificado até 1453,
quando foi tomado pelos turcos islâmicos. A partir desse momento, o conceito de
Ocidente começa a aproximar da ideia de “cristandade", em oposição ao islã
que vinha do oriente.
“O Ocidente sempre se definiu em
oposição a algo, ora em relação aos povos islâmicos do Oriente Médio, ora em
relação aos povos asiáticos de maneira geral", afirma o professor José
Henrique Bortoluci, do Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos da FGV.
"É um conceito que necessariamente abarca uma exclusão do outro”.
Dos romanos aos dias atuais, o
conceito de ocidente ganhou diversas interpretações e durante a Guerra Fria
adquiriu também contornos políticos e econômicos.
“No período da Guerra Fria, o
conceito de Ocidente passa a ser associado a existência de certas instituições,
como democracia e capitalismo e, ainda que de maneira difusa, também a valores
judaico-cristãos.”
José Henrique Bortoluci, professor da FGV
Dessa maneira, explica
Bortolucci, países como Austrália e Nova Zelândia seriam indiscutivelmente
parte do mundo ocidental, ainda que geograficamente estejam mais próximos da
Ásia.
E o Brasil?
Não há consenso sobre qual a
classificação para o Brasil. Se não somos ocidentais, há diversas
classificações possíveis: latino-americanos ou mundo em desenvolvimento são
opções. Outras regiões neste 'limbo'
classificatório são a África e a Rússia.
“A classificação da América
Latina e do Brasil é particularmente problemática”, segundo o professor. Se por
um lado a colonização europeia deixou marcas na língua e no modelo de
organização dos países latino-americanos, o subdesenvolvimento socioeconômico e
as ditaduras que marcaram a história da região excluiriam esses países do clube
ocidental.
“Alguns estudiosos se
referiam a América Latina como 'extremo ocidente’ para demarcar a diferença em
relação aos países capitalistas avançados” Termo cunhado pelo diplomata e
politólogo francês Alain Rouquié
Em outras palavras, na parte
'desenvolvida' do mundo, o Ocidente é sinônimo de desenvolvimento, democracia e
cultura de base europeia -- uma definição vaga que não deixa de ter certa carga
de preconceito. Para Oliver Stuenkel, autor do livro O Mundo Pós-Ocidental, o
debate acerca da filiação do Brasil ao Ocidente gera poucos resultados
concretos para as políticas externas.
“O conceito de Ocidente é
ambíguo e, na prática, traz mais problemas que soluções”, afirma. Mesmo entre
os formuladores da política externa brasileira parece não existir consenso. “O
Itamaraty evita o uso do termo ‘Ocidente’ na sua linguagem diplomática oficial
porque mesmo entre diplomatas não há entendimento comum”, afirma o estudioso. Stuenkel, no entanto, vê vantagens nessa
ambiguidade do Brasil em relação ao ocidente. “Em um mundo multipolar, ter
legitimidade para dialogar com vários atores é estratégico. O Brasil é um dos
poucos países que consegue dialogar com as potências ocidentais ao mesmo tempo
que tem legitimidade para liderar os países não ocidentais”.
Disponível em: https://tinyurl.com/rek32tf.Acesso
04 de set de 2020.
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